Ao largo daquela noite bela e quente
Sinto a imensidão do tempo passar por mim.
Olho ao horizonte, vejo e sinto.
Aquele odor que se entranha nas veias como o vício.
Vício de mim, de ti.
Perdido à deriva num mar sem fundo
Onde tudo nos rodeia, nos une, nos afasta.
Paraíso tropical, longínquo, inexistente.
Irrefutável afirmação aquela que percutes,
Lamentável situação exacerbada pela imaginação fecunda.
Aurora renascentista, fútil.
Réstia de iluminação, esperança, orgulho.
Mágoas que vão ficando para trás, sujas.
Lavar-se-ão ao som do rastilho atiçado,
Lampião ardido, retumbante, estilhaçado.
Fujo na esperança de um dia voltar.
Olho para trás, sinto, morro e vivo.
Fui, estendido ao largo do Cabo Carnaveral,
Alegre carnaval da vida remota e suja de insígnia.
Fui, revolto e volto.
Ao largo da linha horizontal lá ao fundo,
Sinto, vejo, espero, morro, rejuvenesço.
Amo a onda que me vem abraçar para sempre.